Quando o coração é levado pelo vento do acaso, a ponto de se encontrar com raios no céu chuvoso, ele é rasgado e se divide em pedaços.
Olhamos e vemos os pedaços do coração descendo em nuvens de desapontamento, sem muito a dizer ou ser.
Tentamos juntar os pedaços que não reconhecemos como antes.
Hoje olhamos, vemos pedaços triturados. Aquele não existe mais, agora estão rachados e trincados.
A vida é assim, se divide em passado, presente e futuro.
O coração também. Ora inteiro, ora rasgado, trincado, moído, disperso; um dia focado, hoje não mais.
O que nos resta é tentar não desesperar.
Nós somos assim; vivemos pegando pedaços, letras, sobras e tentamos colar, consertar, montar palavras, que quando muito, dão remendos mal feitos ou algumas frases pobres e insignificantes.
Somos iguais aos nossos pais?
Somos parecidos com nossos antepassados?
Mas se afinal não conseguimos parecer com ninguém, porque somos únicos, queremos ser alguém!
Ou apenas encontrar significado em nossas escolhas ou no abandono delas.
Acredito que, na verdade, só queremos amar! Mas fazemos do amor um mecanismo complexo, que muitas vezes entornamos como leite derramado, onde não há retorno.
Tentamos! E penso que não vamos parar de tentar! Não gostamos do que vemos, mas pegamos o pano e passamos no chão da vida. O leite perdido, seiva na rota errada, esvaiu-se para sempre.
Não há colagem, nem conserto, nem remendo para algumas coisas na vida.
O coração persegue esta estrada, mas tenha sempre em mente, que não existe coração que não seja dividido ou machucado.
Coração é assim: uma parte bate, outra sente, outra chora. Um lado fica e outro diz que vai embora.
Somos assim e vamos viver assim.
Fonte: http://fagulhasdodivino.blogspot.com