quinta-feira, 31 de março de 2011

Cristão-cidadão... Cidadão-cristão


Vocês devem conhecer a parábola do Bom Samaritano, e é sobre essa narrativa que eu gostaria de falar um pouco. Interessante como ela é rica em sua interpretação. O bom samaritano nos ensina lições valiosas para a vida. E relendo o texto, percebi que uma delas é o nosso papel na sociedade.

Ela me leva a refletir que nós precisamos enxergar a realidade que nos rodeia - e o que nós vemos, hoje, vai além da decadência espiritual. As distorções estão patentes aos nossos olhos: Corrupção, violência, drogas, desigualdades sociais, sistemas falidos (saúde, educação, político...). Pessoas perdendo e vendendo a própria alma, individualistas.

Precisamos ser críticos da realidade à nossa volta e nos inquietarmos com o que vemos. Não dá pra continuar de braços cruzados, ou, simplesmente ignorar as nossas necessidades mais urgentes.

Não devemos cair no erro de termos a mesma atitude do sacerdote e do levita. Estavam tão acomodados ao “status quo”, que não foram capazes de enxergar que algo precisaria ser feito para mudar a realidade daquele pobre homem, caído à beira do caminho.

Como cristão-cidadão, não devemos permitir que as circunstâncias à nossa volta nos lance na apatia, na indiferença – Uma das atitudes do samaritano que chamam a minha atenção é a empatia, ele se identificou com o seu próximo (o homem caído). Enquanto que as outras pessoas foram indiferentes àquele momento, não se envolveram na história do outro para transformá-la, o bom samaritano não seguiu as atitudes delas.

Muitas pessoas vão levando a vida dessa forma: “Se todo mundo faz dessa forma, porque eu tenho que ser diferente?” Você já pensou nas vezes em que o seu coração se inquietou para fazer o bem a alguém, levar uma palavra de ânimo, de esperança. Suprindo alguém de roupas, alimentos? Penso que se todos nós tomarmos essas atitudes, o nosso mundo seria bem melhor.

Podemos ver no samaritano uma atitude que é nobre ao ser humano, é que além de não ficar indiferente, ele se envolveu na vida daquele homem e isso fez toda a diferença.

Como cristão-cidadão ou cidadão-cristão, o nosso maior desafio é fazermos diferença. E para isso, precisamos começar a enxergar com os olhos de Deus, a agir com o que temos em nossas mãos.

Afinal, nós somos cooperadores de Deus, para a construção de um mundo melhor, uma nova realidade.

Leny Brito

sexta-feira, 11 de março de 2011

A dor do outro é minha também

As últimas notícias sobre essa grande tragédia natural que ocorreu no Japão, e as mortes nos países do Oriente Médio causadas pela ganância de homens sedentos pelo poder, que roubam a liberdade do outro; me fazem refletir o quanto nós somos pequenos demais, em relação ao grande amor de Deus.
O pouco que tenho aprendido sobre o caráter de Deus, através do seu Filho Jesus, me afasta de um discurso no qual advogo a "a fúria de Deus que está sendo derramada".
O que vejo em relação aos países do Oriente Médio é um povo que se cansou de ter a sua liberdade tolhida, massacrada, por um pequeno grupo de privilegiados. A liberdade é um direito de todos. Mas infelizmente, ainda existem pessoas que só se "completam" quando têm o seu egoísmo satisfeito. E para isso, não medem as conseqüencias nas quais os seu atos insanos e gananciosos irão causar ao outro.
Quanto à tragédia ocorrida no Japão, não consigo entender como somos precipitados em diagnosticar o problema da forma mais simplória possível: "é castigo de Deus!" Não creio em um deus que "arrasa com tudo" para chamar a atenção da humanidade! Ele não precisa de holofotes pra dizer que estar presente. Ele veio de forma serena, foi notado e seguido por poucos, mas continua caminhando entre nós, quando vemos pequenos atos com a grandeza do amor.
O amor fala mais alto quando nos curvamos e acolhemos os feridos, limpamos as suas feridas e os amparamos. E mesmo que não estejamos perto para tocá-los o nosso coração se une em oração, para que sejam consolados e encontrem forças. E assim, possam se levantar munidos de vigor e esperança.

Encontrei esse poema que toca profundamente o meu coração nesse momento, e compartilho com você.
“Nenhum homem é uma ilha, sozinho em si mesmo;
cada homem é parte do continente, parte do todo;
se um seixo for levado pelo mar, a Europa fica menor,
como se fosse um promontório,
assim como se fosse uma parte de seus amigos ou mesmo sua;
a morte de qualquer homem me diminui,
porque eu sou parte da humanidade;
e por isso,
nunca procure saber por quem os sinos dobram,
eles dobram por ti”
(John Donne imortalizado por Hemingway)