sábado, 17 de novembro de 2012

A Colina

Fim de tarde, ela veste o seu melhor vestido, calça os sapatos e põe aquele casaco surrado.  

Está decidida a subir a colina.

Não é do seu feitio ficar enclausurada entre as quatro paredes de um quarto,
enquanto lá fora a vida continua a sua mais linda encenação. 

Então começa a sua caminhada, passos largos, ligeiros
Coração bate compassadamente,

Ao longo da subida ela percebe seu rosto gelando
A respiração começa a ficar ofegante... os passos começam a pesar
Ela até pensa em voltar...

"Que motivos poderiam existir para que valesse a pena toda aquela subida?" Ela sussurra à sua alma. 

De repente, ela sente um ardor no coração. E dele brota uma ardente esperança.

E no embalo da canção entoada pelo rouxinol, a sua alma ganha fôlego

Sua respiração fica leve ao se envolver com a beleza ao seu redor.
Seus olhos se encantam com as flores que vão surgindo na trilha
E o cheiro do mato molhado começa a encher-lhe os  pulmões.

Tudo à sua volta é tão contagiante...  tão envolvente... 
que ela nem percebe que a subida chegara ao fim.

E lá de cima ela tem a mais bela visão que a vida poderia lhe dar, 
E num gesto de contrição ela se senta na grama verde,

Agora, ela não precisa mais da proteção do casaco, e o coloca ao lado.

"A vida, o tempo, poderiam parar naquele momento", pensa consigo

E, sorrateiramente, ela sente o vento deslizar sobre a sua pele...

Diante de tão grande encanto, seu olhar sorriu silenciosamente

(...)

Leny Brito

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