Fim de tarde, ela veste o seu melhor vestido, calça os sapatos e põe aquele casaco surrado.
Está decidida a subir a colina.
Não é do seu feitio ficar enclausurada entre as quatro paredes de um quarto,
enquanto lá fora a vida continua a sua mais linda encenação.
Então começa a sua caminhada, passos largos, ligeiros
Coração bate compassadamente,
Ao longo da subida ela percebe seu rosto gelando
A respiração começa a ficar ofegante... os passos começam a pesar
Ela até pensa em voltar...
"Que motivos poderiam existir para que valesse a pena toda aquela subida?" Ela sussurra à sua alma.
De repente, ela sente um ardor no coração. E dele brota uma ardente esperança.
E no embalo da canção entoada pelo rouxinol, a sua alma ganha fôlego
Sua respiração fica leve ao se envolver com a beleza ao seu redor.
Seus olhos se encantam com as flores que vão surgindo na trilha
E o cheiro do mato molhado começa a encher-lhe os pulmões.
Tudo à sua volta é tão contagiante... tão envolvente...
que ela nem percebe que a subida chegara ao fim.
E lá de cima ela tem a mais bela visão que a vida poderia lhe dar,
E num gesto de contrição ela se senta na grama verde,
Agora, ela não precisa mais da proteção do casaco, e o coloca ao lado.
"A vida, o tempo, poderiam parar naquele momento", pensa consigo
E, sorrateiramente, ela sente o vento deslizar sobre a sua pele...
Diante de tão grande encanto, seu olhar sorriu silenciosamente
(...)
Leny Brito
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